quarta-feira, 19 de março de 2014

"Com os envolvimentos de uma sociedade de consumo em que vivemos, onde unicamente nos cabe a função de consumidores - do nascer ao morrer, consumidores - cujas metas nos chegam como influências corrosivas, pressões, imposições diante das quais é difícil se estruturar e não se perder em superficialidades ou incoerências, com tudo isso coloca-se a liberdade existente como 'a' liberdade. Mas ao que não se permite uma visão crítica das premissas desses envolvimentos, será uma liberdade aparente." OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Imago Editora. p 159-160.
"Ser espontâneo é, no sentido amplo que a palavra tem, poder ser livre. Se, pois, até aqui formulamos que a espontaneidade corresponde à possível coerência na pessoa, queremos agora estender a ideia da espontaneidade como abrangendo uma forma de autonomia interior e um grau mais alto de liberdade de ação ante possibilidades de viver e criar." OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Imago Editora. p 150.
"Nenhuma forma é tão autônoma que constitua uma totalidade isolada. A obra de arte precisa de um espectador para se completar, e com cada espectador ela se completa de maneira diferente." OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Imago Editora. p 94.
"A atividade criativa consiste em transpor certas possibilidades latentes para o real." OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Imago Editora. p 71.
"No trabalho, o homem intui. Age, transforma, configura, intuindo. O caminho em toda tarefa será novo e necessariamente diferente. Ao criar, ao receber sugestões da matéria¹ que está sendo ordenada e se altera sob suas mãos, nesse processo configurador o indivíduo se vê diante de encruzilhadas. A todo instante, ele terá que se perguntar: sim ou não, falta algo, sigo, paro... Isso ele deduz, e pesa-lhe a validez, eventualmente a partir de noções intelectuais, conhecimentos que já se incorporou, contextos familiares à sua mente. Mas, sobretudo, ele decidirá baseando-se numa empatia com a matéria em vias de articulação. Procurando conhecer a especificidade do material, procurará também, nas configurações possíveis, alguma que ele sinta como mais significativa em determinado estado de coordenação, de acordo com seu próprio senso de ordenação interior e o próprio equilíbrio. Será uma busca que não se esgota na palavra, por mais lúcida que seja, pois é uma busca que integra formas de ser." OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Imago Editora. p 70-71.
"As conclusões muitas vezes nos surpreendem como um resultado original. O seu sentido novo pode até mesmo ser inesperado e, no entanto, formula uma visão de certo modo pressentida. Confirma essa visão. Sentimos que a ordenação concreta a que chegamos abrange a razão de ser da situação, abrange toda sua lógica íntima, o verdadeiro sentido. É o insight, a visão intuitiva. Sabemos de repente, temos inteira certeza, que desde o início era esse o seu significado." (OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Imago Editora. p 67.)

quarta-feira, 12 de março de 2014

"O ato criador, sempre ato de integração, adquire seu significado pelo só quando entendido globalmente.
Assim como o próprio viver, o criar é um processo existencial. Não abrange apenas pensamentos nem apenas emoções. Nossas experiência e nossa capacidade de configurar formas de discernir símbolos e significados se originam nas regiões mais fundas de nosso mundo interior, do sensório e da afetividade, onde a emoção permeia os pensamentos os pensamentos ao mesmo tempo que o intelecto estrutura as emoções. São níveis contínuos e integrantes em que fluem as divisas entre o consciente e inconsciente e onde desde cedo em nossa vida formulam os modos da própria percepção. São os níveis intuitivos do nosso ser." OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Imago Editora, 1977. p 56
"O impulso elementar e a força vital pra criar provêm de áreas ocultas do ser. [...] Alem de impulsos do inconsciente, entra nos processos criativos tudo o que o homem sabe, os conhecimentos, as conjecturas, as propostas, as dúvidas, tudo o que ele pensa e imagina." OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Imago Editora, 1977. p 55
"Usamos palavras. Elas servem de mediador entre o nosso consciente e o mundo. Quando ditas, as coisas tornam-se presentes para nós. Não os próprios fenômenos físicos que, naturalmente, continuam pertencendo ao domínio físico; torna-se presente a noção dos fenômenos. Na língua, como em todos os processos de imaginação, dá-se um deslocamento do real físico do objeto para o real da ideia do objeto." OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Imago Editora, 1977. p 21.
"Como ser que se percebe e se interroga, o homem é levado a interpretar todos os fenômenos; nessa tradução, o âmbito cultural transpõe o natural. A própria natureza em suas manifestações múltiplas é filtrada no consciente através de valores culturais, submetida a premissas que não se isentam das atitudes valorativas de um contexto social. [...] Nos processos de conscientização do indivíduo, a cultura influencia também a visão de vida de cada um. Orientando seus interesses e suas íntimas aspirações, suas necessidades de afirmação, propondo possíveis ou desejáveis formas de participação social, objetivos e ideias, a cultura orienta o ser sensível ao mesmo tempo que orienta o consciente. Com isso, a sensibilidade do indivíduo é aculturada e por sua vez orienta o fazer e o imaginar individual. Culturalmente seletiva, a sensibilidade guia o indivíduo nas considerações do que para ele seria importante ou necessário para alcançar suas metas de vida.
Vemos estabelecer-se aqui uma qualificação dinâmica para a sensibilidade: diríamos que, por se vincular no ser consciente a um fazer intencional e cultural em busca de conteúdos significativos, a sensibilidade se transforma. Torna-se ela mesma faculdade criadora, pois incorpora um princípio configurador seletivo. Nessa integração que se dá de potencialidades individuais com possibilidades culturais, a criatividade não seria então senão a própria sensibilidade. O criativo do homem se daria ao nível do sensível.
Acrescentamos ainda que, como fenômeno social, a sensibilidade se converteria em criatividade ao ligar-se estreitamente a uma atividade social significativa para o indivíduo. No enfoque simultâneo do consciente, cultural e sensível, qualquer atividade em si poderia tornar-se um criar." OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Imago Editora, 1977. p 17-18.
"A percepção é a elaboração mental das sensações." OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação.
"Impelido a compreender, o homem é impelido a criar." OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação.
"Criar é um ato de rebeldia. [...] Criar é parir." VIEIRA, Stalimir. Raciocínio criativo dentro da publicidade.